sábado, 20 de fevereiro de 2010
Marcas de uma igreja saudável: Marca 4 - Uma Compreensão Bíblica quanto à Conversão
Na primeira reunião da nossa igreja, em 1878, nós adotamos uma declaração de fé. Era uma versão fortalecida da Confissão de New Hampshire de 1833. Esta confissão tornou-se a base para a Baptist Faith and Message (“Fé e Mensagem Batista”) adotada pela Convenção Batista do Sul em 1925 e novamente, em uma versão revisada e enfraquecida, em 1963. Em nossa declaração de fé, o Artigo VIII diz o seguinte:
Nós cremos que o Arrependimento e a Fé são deveres sagrados, e também graças inseparáveis, forjadas em nossas almas pelo regenerador Espírito de Deus; pelo qual tendo sido profundamente convencidos de nossa culpa, perigo e desamparo, e do caminho da salvação por Cristo, nós nos voltamos a Deus com sincera contrição, confissão, e súplica por misericórdia; recebendo simultaneamente de todo coração o Senhor Jesus Cristo como nosso Profeta, Sacerdote e Rei, e confiando somente nEle como o único e todo suficiente Salvador.
Note o que esta declaração diz sobre nossa conversão, nossa guinada na vida. Nós nos voltamos porque estamos "profundamente convencidos de nossa culpa, perigo e desamparo, e do caminho da salvação por Cristo". E como essa guinada, que é composta de arrependimento e fé, acontece? É "forjada em nossas almas pelo regenerador Espírito de Deus". A Declaração cita então dois textos bíblicos para apoiar esta idéia: Atos 11:18: " E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida." e Efésios 2:8, " Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus". Se a nossa conversão for entendida basicamente como algo que nós fazemos a nós mesmos em vez de algo que Deus faz em nós, então entendemos tudo errado. A conversão certamente inclui a nossa ação, nós temos que fazer um compromisso sincero, uma decisão auto-consciente. Mesmo assim, conversão é muito mais que isso. A Bíblia claramente ensina que nós não estamos todos buscando a Deus, sendo que alguns acharam o caminho, enquanto outros ainda estão procurando. Pelo contrário, ela nos apresenta como pessoas que precisam ter seu coração substituído, sua mente transformada, seu espírito vivificado. Nada disso nós podemos fazer. Podemos assumir um compromisso, mas precisamos ser salvos. A mudança que cada pessoa necessita, independentemente de como parecemos ser exteriormente, é tão radical, tão próxima do âmago de cada um de nós, que só Deus pode executá-la. Nós precisamos de Deus para nos converter.
"A mudança que cada pessoa necessita, independentemente de como parecemos ser exteriormente, é tão radical, tão próxima do âmago de cada um de nós, que só Deus pode executá-la. Nós precisamos de Deus para nos converter."
Lembro-me de uma história de Spurgeon em que ele conta como ele estava entrando em Londres quando um homem bêbado aproximou-se dele, apoiou-se em poste próximo e disse, "Ei, Sr. Spurgeon, eu sou um dos seus convertidos!" Ao que Spurgeon respondeu: "Você deve mesmo ser um dos meus - certamente você não é um dos convertidos do Senhor!"
Uma conseqüência de compreender mal o ensino bíblico sobre a conversão pode bem ser que as igrejas evangélicas estão cheias de pessoas que fizeram compromissos sinceros em certo ponto das suas vidas, mas que evidentemente não experimentaram a mudança radical que a Bíblia apresenta como conversão. De acordo com um recente estudo da Convenção Batista do Sul, os batistas do sul (a minha própria denominação) têm uma taxa de divórcio que realmente supera a média nacional na América. A causa de tal “testemunho às avessas” entre os que são considerados seguidores de Cristo deve ser, pelo menos em parte, uma pregação não-bíblica sobre a conversão.
Certamente a conversão não precisa ser uma experiência emocionalmente acalorada, mas precisa ser provada pelo seu fruto para ver se é de fato o que a Bíblia considera verdadeira conversão. Entender a apresentação bíblica do que é conversão é uma das marcas de uma igreja saudável.
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